Segundo a OMS, saúde mental é o completo bem estar físico, mental e psicológico de uma pessoa, que reconhece suas habilidades, consegue lidar com as questões do dia a dia com equilíbrio e se sente produtivo para sua própria comunidade. Hoje a organização estima que 1 bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental. E o tema da saúde mental ganhou enorme relevância nos últimos dois anos em função da ansiedade gerada pela pandemia do coronavírus.
O cuidado com a saúde mental, no entanto, não deve ser exclusividade de quem convive com algum transtorno, já que qualquer pessoa está exposta a ter algum tipo de sofrimento psíquico em algum momento da vida. Portanto, o cuidado com a saúde mental deve estar incorporado à saúde integral do indivíduo, sendo garantido como um direito à saúde.
Existem vários tipos de transtornos ou sofrimentos psíquicos, desde os mais graves como esquizofrenia até os menos incapacitantes como a depressão leve. Mas todos são passíveis de serem acompanhados e tratados por especialistas das áreas de psiquiatria e psicologia.
A saúde mental é uma das áreas da saúde que mais sofre com a invisibilidade. É comum as pessoas associarem o tema da saúde mental com loucura, preguiça ou incapacidade. E por desconhecimento ou preconceito, muitas pessoas se negam a procurar ajuda profissional. Quando problemas com a saúde mental estão relacionados ao uso problemático de álcool e drogas, o preconceito tende a ser ainda maior. Atualmente, estima-se que mais de 6% da população brasileira apresenta transtornos psiquiátricos decorrentes deste tipo de uso.
No entanto, o que se tem visto no Brasil é um completo desmonte das políticas públicas de atenção à saúde mental desenvolvidas no contexto da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Os governos federal, estaduais e municipais têm priorizado parcerias com Comunidades Terapêuticas e recursos que poderiam ser investidos em programas como o CAPS AD estão sendo dragados por essas organizações – a maioria ligada a alguma instituição religiosa – e, portanto, tendo a abstinência como a única solução para o uso problemático de drogas.
Uma nova política sobre drogas precisa ser produzida de forma integrada às políticas de saúde mental que tenham como foco a redução de danos e a psiquiatria preventiva. É fundamental retomar a política de atenção integral voltada a usuários de álcool e outras drogas prevista na Política Nacional de Saúde Mental (Lei nº 10.216/02) e consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária.