A Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP) apresentou um salto de 71% nos índices de letalidade no primeiro semestre de 2024. Já na reta final do segundo, entre novembro e o início de dezembro, foram registrados, ao menos, sete casos de violência policial e abuso de poder.
O recrudescimento deste tipo de violência chama a atenção de especialistas desde 2023, ano em que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) foi assumida pelo ex- PM da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), Guilherme Derrite.
A coordenadora de advocacy da Iniciativa Negra por uma Nova Política Sobre Drogas, Juliana Borges, relaciona o recente descontrole à gestão do atual governador do estado paulista.
“A política adotada pela gestão Tarcísio está associada à intensificação de operações repressivas, à flexibilização do uso obrigatório de câmeras corporais em uniformes de policiais e à priorização de estratégias de enfrentamento armado pelas operações policiais, como a Escudo e a Verão”, analisa, em entrevista à Alma Preta.
“A desproporção racial nas vítimas reflete padrões estruturais de racismo, intensificados por abordagens focadas na repressão imediata, sem ênfase em políticas preventivas ou sociais. O caso paulista é emblemático de um modelo que, segundo críticos, prioriza resultados imediatos em detrimento de soluções estruturais, aprofundando tensões sociais e corroendo a confiança nas instituições”, completa Juliana.