O encontro foi mobilizado a partir da visita ao Ministério dos Direitos Humanos realizada pela Iniciativa Negra e PBPD em Brasília. Com atores diversos do território, a reunião foi um momento de escuta sobre a atual situação da Cracolândia em São Paulo
No dia 15 de fevereiro, a Secretária Nacional de Direitos Humanos, Isadora Brandão, em conjunto com o gabinete do vereador e deputado estadual eleito Eduardo Suplicy realizaram um momento de escuta com atores diversos no território da Cracolândia. O encontro foi realizado no Teatro de Contêiner Mungunzá e reuniu moradores, movimentos sociais e coletivos, e organizações da sociedade civil para o diálogo.
Dentre as organizações que participaram estão a Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Casa Chama, Centro de Convivência É de Lei, Coletivo Birico, Coletivo Tem Sentimento, Craco Resiste, Instituto de Defesa ao Direito de Defesa (IDDD), Instituto Faroeste, Lab Cidade, Marcha da Maconha das periferias, Ninho Social, Projeto Lavanderia, Policiais Antifascismo, Pagode da Lata e Rede Reforma. Além de representantes dos mandatos de Erika Hilton e Janaína Paschoal, Claudio Silva, ouvidor das polícias do Estado de São Paulo, e associações de moradores da região central e de prédios localizados nas regiões que concentram cenas de uso.
Ao abrir para as falas no encontro, Isadora Brandão ressaltou como o espaço é o primeiro momento de escuta que será realizado. “A proposta é que essa seja uma primeira visita de escuta para pensar as ações que podem ser desenvolvidas para resolver a questão no território”, explicou Isadora.
Ações policiais violentas (principalmente com o início da Operação Caronte), garantia de direitos básicos, acesso a políticas públicas e impactos para os moradores da região e comércio local, foram esses alguns dos tópicos levantados por quem estava no encontro.
“Nada sobre nós sem nós”
Apesar de cada pessoa trazer perspectivas diversas sobre a situação da Cracolândia, um dos pontos em comum levantado foi a necessidade dos próximos encontros contemplarem também a escuta de usuários e usuárias da cena de uso, além de pensar em formas de viabilizar a presença de trabalhadores da assistência social.
A questão de gênero também entrou como um dos elementos para se ter um olhar sensível sobre as cenas de uso da Cracolândia. “Quais medidas as mulheres que estão na cena de uso precisa?”, indagou Jana uma das participantes do encontro, que emendou reforçando a importância de se lembrar da frase “nada sobre nós sem nós” em momentos de diálogo e construção de políticas públicas.
O espaço foi importante para que o Ministério de Direitos Humanos possa pensar em ações focais para o território da Cracolândia, que concentra a maior cena de uso do país. Além de ter ressaltado a necessidade de manutenção de órgão e grupos de trabalhos já estabelecidos para pensar as questões do território.