Iniciativa Negra
Representantes das duas organizações estiveram em Brasília entre os dias 7 e 9 de fevereiro. Durante a visita, as abordagens sobre política de drogas ganharam diversas perspectivas

Iniciativa Negra e PBPD colocam política de drogas no centro do diálogo com governo federal em visita a Brasília

Participação Social
13/02/23
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Representantes das duas organizações estiveram em Brasília entre os dias 7 e 9 de fevereiro. Durante a visita, as abordagens sobre política de drogas ganharam diversas perspectivas

A Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas e a Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) participaram de audiências com autoridades do poder executivo em Brasília. Os encontros aconteceram entre os dias 7 e 9 de fevereiro, representantes das organizações apresentaram proposta para os primeiros 100 dias de Governo para as questões relativas às políticas de drogas.

A visita contemplou diálogos com 8 ministérios entre eles: Ministério das Mulheres, Ministério da Igualdade Racial, Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Saúde, Ministério dos Direitos Humanos, Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria Geral da Presidência, com a Secretaria Nacional da Juventude e a Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas. Além disso, os representantes realizaram reuniões no Senado e participaram da reunião do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH).

Algumas das pauta levantadas durante os encontros foram o cuidado em liberdade e redução de danos; desencarceramento e redução de homicídios da população negra; cannabis; Cracolândia; combate ao racismo e custos da Guerra às Drogas.

Em reunião na Secretaria Nacional da Juventude, o cofundador e coordenador executivo da Iniciativa Negra, Dudu Ribeiro, falou sobre os caminhos possíveis da reformulação do Programa Juventude Viva, que agora irá trazer a perspectiva de juventudes brasileiras diversas. “Pensando em diversas juventudes brasileiras, o programa deve atualizar essa relação com o tema da política de drogas como elemento central de proteção da vida das juventudes brasileiras”, afirma Dudu Ribeiro.

Durante a visita no Ministério dos Direitos Humanos, Nathália Oliveira, cofundador e coordenadora executiva da Iniciativa Negra, aponta que a equipe já estava bastante sensibilizada com as pautas relacionadas a política de drogas. “Fomos recebidos pela Secretária de Direitos Humanos Isadora Brandão, que se demonstrou total compreensão do quanto as políticas de drogas são violadoras de direitos no Brasil, sobretudo da população negra. A mesma informou que o Ministério tem pensado políticas de direitos humanos que sejam estruturais e que criem mecanismos de proteção de direitos no Brasil”, relata Nathália Oliveira.

Um dos destaques da visita foi a participação da cerimônia de posse da nova mesa diretora do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH). A pauta da Cracolândia, como é chamada a cena de uso na região da Luz em São Paulo, foi levada para a CNDH que se comprometeu em avaliar uma visita ao território para trazer um diagnóstico.

Participaram das atividades Dudu Ribeiro, Nathália Oliveira, Juliana Borges, Dandara Rudsan e Kyalene Mesquita da Iniciativa Negra; Luana Malheiro, Chico Cordeiro, Helena Rodrigues da PBPD; Joel Luiz do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN).

Confira alguns dos principais destaques das visitas:

Ministério da Justiça

Em audiência com a SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), fomos recebidos pela Secretária Marta Machado e sua equipe. Em sua fala de abertura, a secretária qualificou a PBPD como “interlocutor privilegiado” para o diálogo sobre a política de drogas no Brasil.

Em relação ao Conselho Nacional de Política sobre Drogas (CONAD), foi dito que já existe um grupo da SENAD trabalhando em minuta de Decreto que viabilize a participação da sociedade civil, inclusive com o compromisso de reestruturação do modelo de indicação destes representantes.

No que diz respeito à gestão de ativos, será realizada nova abordagem destes bens e recursos de forma a gerar fundos para financiamento de projetos e qualificar os repasses para as polícias. Estuda-se a criação de câmaras técnicas/temáticas e grupos de trabalho para discutir temas específicos com participação da sociedade civil e também o compromisso de rever o Plano Nacional de Política de Drogas (PLANAD).

Em relação ao Conselho Nacional de Política sobre Drogas (CONAD), foi dito que já existe um grupo da SENAD trabalhando em minuta de Decreto que recomponha o Conselho e viabilize a participação da sociedade civil, inclusive com o compromisso de reestruturação do modelo de indicação destes representantes. 

Durante nossa reunião com Tamires Sampaio (Assessora especial do Ministro e Coordenadora do Programa de Segurança com Cidadania – PRONASCI), ela nos revelou 3 prioridades em relação a sua atuação: 1) desenvolver políticas de combate à violência contra a mulher; 2) operacionalizar políticas e estratégias de cidadania para egressos do sistema penal e 3) proporcionar projetos similares aos “territórios da paz, COMPAZ” no território brasileiro.

Na Secretaria de Acesso à Justiça, o secretário Marivaldo Pereira e sua equipe nos receberam e compartilharam algumas prioridades de ação: 1) letalidade policial e a necessidade de utilização das câmeras por parte de policiais, 2) retomada do financiamento do “Pensando Direito” como estratégia de fomento de pesquisas para temas afetos à secretaria, tais como o reconhecimento facial. Houve também a abertura para dialogar sobre possíveis indultos especialmente dirigidos às mulheres condenadas por crimes relacionados a drogas.

Ministério de Assistência e Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome (MDS)

Nesta audiência, fomos recebidos pelo Secretário Executivo Adjunto Ranniêr Costa. Ele nos colocou que a política de drogas terá 3 pilares: MS, MJ e MDS. Relatou que os contratos existentes do Ministério com as CTs vão ser cuidados e finalizados e que, os próximos editais serão elaborados a partir de escuta com todos os setores envolvidos. Ainda sobre o departamento e seu perfil, o secretário se comprometeu a abrir amplo processo de escuta para dialogar com a sociedade civil.

Ministério da Saúde

O Secretário de Atenção Especializado à Saúde Helvécio Magalhães nos recebeu e depois de apresentado à nossa agenda, detalhou algumas prioridades para o tema no âmbito da sua secretaria: 1) a área de álcool e outras drogas não será uma área específica; e toda a rede de Saúde mental deve estar apta/capacitada para atender as demandas de álcool e drogas; 2) acolhendo as recomendações do GT de transição, a saúde mental terá o status de departamento ,devido à sua dimensão, relevância e possibilidade de interlocução com outras áreas; 3) a política de álcool e outras drogas deve ser intersetorial, 4) a equipe, e não apenas o nome da/o diretor/a do departamento, deve ser finalizada na semana que vem; algumas pessoas ainda estão sendo sondadas e outras já aceitaram o convite.

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