Iniciativa Negra
Ruth Gilmore com equipe da Iniciativa Negra durante jantar especial com convidados.

Iniciativa Negra e Igrá Kniga promovem agenda especial de Ruth Gilmore na Bahia

Pesquisa
Segurança Pública e Sistema de Justiça
29/10/24
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A Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, em parceria com a Editora IGRÁ KNIGA, organizou uma agenda especial para a presença de Ruth Wilson Gilmore, renomada geógrafa e ativista norte-americana, na Bahia, entre os dias 21 e 24 de outubro. Esta foi a primeira visita de Gilmore a Salvador, onde participou de uma série de eventos acadêmicos e sociais focados em seu livro “Califórnia Gulag”, com prefácio do historiador Dudu Ribeiro, cofundador e diretor executivo da Iniciativa Negra. A obra analisa as interseções entre encarceramento e questões raciais nos Estados Unidos, enfatizando a experiência de mulheres negras abolicionistas que buscam alternativas ao sistema prisional.

Ruth Gilmore durante palestra no campus de São Lázaro, na UFBA. Foto: Divulgação

Durante sua passagem pela capital baiana, Gilmore se reuniu com estudantes, pesquisadores e ativistas. No dia 21, às 14h, participou de uma palestra no auditório Raul Seixas da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (São Lázaro), na Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde compartilhou suas reflexões sobre a interseção entre lugar, cultura e política. Em sua fala, destacou que o trabalho dos abolicionistas é “tentar descobrir como fazer o óbvio, que essas pessoas já fazem, e nos juntarmos para fazer o que precisa ser feito”. Além disso, explicou que “o capitalismo demanda desigualdade e o racismo é o que vai garantir isso”.

Dudu Ribeiro, presente na mesa, agradeceu a Gilmore pela visita e a articulação mediada por Bruno Xavier, tradutor da obra. Segundo Ribeiro, os temas do abolicionismo penal e a necessidade de superação do atual modelo de prisões no Brasil, à luz do capitalismo racial, são questões que a Iniciativa Negra já discute há algum tempo. “Esse encontro com a Ruth favorece a luta antirracista de forma ampla, por meio da troca de experiências que iremos vivenciar ao longo desses dias.”

Na noite do dia 21, Gilmore participou de um jantar organizado pela Iniciativa Negra, no restaurante D’venetta, no Santo Antônio Além do Carmo, com a presença de 40 convidados. No dia 22, às 14h, esteve em uma roda de conversa sobre abolicionismo penal e o papel da arte nesse processo, no Instituto de Letras da UFBA, promovida pelo projeto Corpos Indóceis, Mentes Livres, que utiliza a arte como ferramenta de transformação social dentro do sistema prisional. No dia 23, às 18h30, no Centro Social Urbano do Nordeste de Amaralina, ela encontrou-se com o coletivo Mulheres e Luta.

No último dia da agenda, 24 de outubro, Ruth visitou a comunidade quilombola da Ilha de Maré, onde foi recebida pela vereadora Eliete Paraguaçu. Durante sua estadia, expressou entusiasmo em conhecer mais sobre a cidade, que, segundo suas palavras, é “um lugar central na história do colonialismo, escravização e agricultura industrializada”. A presença de Gilmore não apenas ampliou a discussão sobre racismo e encarceramento, mas também incentivou uma reflexão crítica sobre como esses problemas são enfrentados tanto nos EUA quanto no Brasil.

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