No carnaval de 2023, a Iniciativa Negra se uniu a blocos carnavalescos e a organizações da sociedade civil para compartilhar práticas de Redução de Danos nas folias baiana e paulista. Da distribuição de água e camisinha ao compartilhamento de cards informativos nas redes sociais, as ações visavam um carnaval mais consciente e responsável.
Salvador
Em Salvador, as ações de Redução de Danos começaram no Banho de Mar à Fantasia, festa de pré-carnaval organizada pela comunidade da Ladeira da Preguiça, que aconteceu no dia 12 de de fevereiro. Na semana do evento, um carrossel sobre autocuidado foi amplamente divulgado nas redes sociais e via Whatsapp, em parceria com a associação comunitária Centro Cultural Que Ladeira é essa.
Já no dia 14 de fevereiro, entramos na folia com o Bloco Pega Visão, que desfilou pelas ruas do Pelourinho, e a Iniciativa Negra esteve junto atentando para a importância de ações individuais e coletivas de redução de danos relacionadas ao uso de álcool e outras substâncias.
O bloco foi uma iniciativa de serviços públicos de saúde e assistência social, organizações da sociedade civil e ativistas de Direitos Humanos com o intuito de promover ações de lazer, cuidado, justiça e cidadania às populações mais vulneráveis do Centro Histórico, bem como aos seus familiares e toda a comunidade do território.
Nos dias anteriores à saída do bloco, foram realizadas oficinas de confecção de cartazes em que os temas eram debatidos entre as pessoas integrantes do bloco.
São Paulo
Em São Paulo, a ação da campanha ‘Brisas de carnaval: apologia ao cuidado na folia’ foi realizada em parceria com o Centro de Convivência É de Lei e o Bloco Cecílias e Buarques. No dia 25 de fevereiro, acompanhamos o Bloco desde a concentração até o momento da dispersão com 100 agentes redutores/as de danos distribuindo água, camisinhas, informação e acolhimento para quem estava no bloco. Além da ação no bloco, a campanha contou com posts informativos nas redes sociais.
A ação de redução de danos veio com o propósito de mostrar que o cuidado em períodos de festa também podem incorporar uma política pública e também contou com o apoio da vereadora Luana Alves (PSOL/SP).
Mobilização nacional em defesa da redução de danos
Devido às repercussões da ação de redução de danos realizada em Olinda pela Escola Livre de Redução de Danos, que teve os insumos confiscados e equipe levada para a delegacia pela Polícia Civil. Diversas organizações e figuras públicas se juntaram no dia 4 de março para realizar atos, lives e outras ações informativas para defender a não criminalização da redução de danos.
Para articular a ação em São Paulo, o Boteco Brasileiro de Política de Drogas do dia 2 de março recebeu um momento de balanço das ações de redução de danos no carnaval. Matuzza Sankofa, coordenadora geral do É de Lei, comentou que a ação no Bloco Cecílias e Buarques foi um sucesso tanto do ponto de vista da distribuição de água, camisinhas e outros materiais, como na prevenção de casos que necessitassem de acompanhamento médico.
“Também foi uma surpresa, porque a gente que trabalha em festas fechadas que tem um controle maior, pensamos que na rua pudéssemos ter um desafio em relação a acolhimento com alguns casos mais graves que precisassem de encaminhamento ao posto médico. Mas como a gente esteve, desde o início, disponibilizando o insumo água, o insumo escuta e o insumo informação, a gente conseguiu garantir uma festa sem nenhum grave caso de acolhimento”, aponta Matuzza Sankofa.
No dia 4 de março, a Iniciativa Negra e Centro de Convivência É de Lei lançaram o vídeo com o registro da campanha somando com as diversas iniciativas de retirar os estigmas em torno da redução de danos.