Iniciativa Negra

14M: “Retornar à Marielle Franco é sobre avançar”

Artigo
14/03/21
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Por Belle Damasceno

Nós da Iniciativa Negra somos gratas. Gratas por nos inspirar em nossas ancestrais para cada passo tomado ao lembrar de cada conselho dado. O conselho de uma mãe preocupada com “Cuidado. Não saia sem sua identidade, você é negro”,  a indignação de uma irmã que perdeu familiares na guerra às drogas. Irmãs negras que hoje não se encontram mais presentes fisicamente mas que suas presenças, experiências e ensinamentos em nossa caminhada possibilitou nossa união à um propósito: “Uma Nova Política Sobre Drogas” que não mate, que não encarcere e que não puna com punições que foram exclusivamente elaboradas para pessoas negras e seu extermínio. Que mães e pais durmam e acordem em paz, sabendo que seus filhos e suas filhas retornarão para casa. Que mulheres negras possam falar sem serem silenciadas. É por isso, e por tantas outras questões relacionadas à população negra e o genocídio em curso, que no dia 14 de Março #14M trazemos com todo sentimento, respeito e admiração sobre o significado desta data.

No dia 14 de Março de 2018, a vereadora pelo RJ Marielle Franco, mulher negra, periférica, mãe, filha, lésbica, trabalhadora, com trajetória tão parecida com tantas outras mulheres negras, foi executada junto a seu mortorista Anderson Gomes. Acharam que sua morte a silenciaria, só não contavam que a mesma deixou sementes nesse mundo, que irão brotar frutos capazes de realizarem um desejo que havia em seu coração, “Manter acesa a chama” e que hoje se materializa nas ações do instituto Marielle Franco e pelas milhares de sementes que germinam pelo Brasil.

Em entrevista para o Instituto Update em 2017, Marielle nos trouxe que seu maior desafio social era desmistificar temas que, para o campo conservador era e ainda é colocado em segundo plano, bem como falar das liberdades das mulhers e negros, era secundário nesse governo. E propôs um fazer coletivo “Se eu tô falando de política de afeto, eu tô falando da gente fazer junto”.

Em julho de 2018, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro  aprovou a Lei 8054/2018 que consolidou 14 de março ao Calendário Oficial do Estado do Rio de Janeiro como o “Dia Marielle Franco – Dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra. Que essa data possa ser saudada, apesar de seu contexto. Uma data pela qual retomemos aos ensinamentos de Marielle Franco, sobre as pautas que defendeu durante a vida, sobre as estratégias de se qualificar para disputar a política, sobre os direitos da população negra, LGBTQIA+, trabalhadoras, mulheres. Retornar à Marielle Franco é sobre avançar. É sobre ancestralidade, afeto e luta.

Sigamos aprendendo com as mulheres negras!
Marielle presente e em (in) memórias todas as mulheres negras que nos deixaram como sementes!

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